Com nome e com endereço

   Nunca consegui ser enfática e segura o suficiente para dizer um simples "eu te amo". Mas sempre fui uma daquelas pessoas que acreditavam que olhos brilhantes e pupilas dilatadas já falavam isso pela gente. E, infelizmente, não falam.
   Sempre que podia, olhava para o meu amor deitado ao meu lado com "aquele" olhar. Eu sentia seu corpo quente colado no meu e o prazer de estar com alguém que possuía uma alma iluminada. Com a respiração ainda ofegante, "que sorte a minha", pensava.
   "A pessoa que sente-se traída de alguma formasempre vai achar que é a vítima, mas os dois têm parte nisso, sempre. Às vezes a “vítima” se trai o tempo todo."
   Eu mesma me traí. Sim, exatamente. Me traí. Não fui quem sou cem por cento. Não disse o que sentia com clareza e até deixei de dizer algumas coisas que eu passava. Não expus meu mundo interno por inteiro, mas tentei oferecer a ele tudo o que eu podia. Me anulei, me abandonei, me traí. Traí a minha melhor parte. Por ele.
   Na contramão, nunca pensei que quem eu mais amava podia não estar suportando se relacionar com uma mulher que nunca falou do que sentia, e acabar – por falta de coragem – cortando relações da forma mais cruel possível... Por internet, sem olhar nos olhos.
   SE quem eu amo não é capaz de me amar, é porque não me conhece verdadeiramente. Ou não conhece a imensidão dos sentimentos que nutro não *só* por ele, mas num geral... E, talvez, tenha sido porque no momento em que ainda podia, não fiz com que ele conhecesse.
  Imagino que quem eu amo esteja buscando mais emoções em outro lugar. E essa mistura de emoções e de soluções começam em cada forma de olhar. Encarar os problemas sob vários pontos de vista é bem importante.
   Nessa busca, precisa-se decidir ter uma vida melhor. Uma vida com mais amor próprio, mais risadas, mais amigos e maior prática do perdão e do autoperdão. Tudo isso optando por sair da zona de conforto e ousar cada vez mais.

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